novos olhos se encaram

é noite de sábado

eu tenho sono e não durmo

eu escrevo e sonho acordada

e evito fumar 

perto de vc q não fuma

mas isso não obedece nenhuma regra

inclusive

vou providenciar um cigarro agora mesma[

vc assiste com calma

a minha vida caótica

sem limites para limites

pré supostos de acordar cedinho e tal

eu escrevo pq sonho corpos

linhas largas

quartos fechados

ou portas abertas

é 8 ou oitenta

movimento tudo com minhas pernas ágeis 

e meus pulmões de fumaça

eu não poderia ser mais 

sincera do que já sou

com certeza bebo muita água

há um rio q se movimenta em mim

 nenhum ventre é sagrado

cicatriz de cesária 

é um ventre rasgado

onde fica o cuuidadoo

nesses partos 

não humanizados?

quem manda no meu corpo

sou eu

ou o Estado?

quem cuida da cria

sou eu

ou o Estado?

quem me auxilia?

Deus?

eu?

ou o Estado?

 admirar você

no contraste

e  adversidade dos dias

doces e amargos

amá-la sem segredos

ou cadeados imaginários 

viajar horizontalmente

sem sair do lugar

tudo na mente

encontrar você 

no contraste dos dias irrepetitíveis 

quando te ler

não  é o suficiente

eu tenho boca pra falar

pra comer e declamar

pra lamber

morder

chupar

(part2)

AQUELAS PALAVAS

NENHUMA DELAS

FAZIA SENTIDO.

NENHUMA.

E SOBRE O QUE VIVI

SOBREVIVENDO

ÀS ANGUSTIAS

QUE PARI

JUNTO DO PARTO

COM MEU CORPO

JÁ PREDESTINADO?

ALGUÉM ME DIZ

COMO ISSO É SAGRADO?

drama lésbico

 particularmente

eu achava obsceno

o jeito que ela segurava

e acariciava 

as páginas

daquele caderno 

todo borrado

sentada sozinha

na frente da tv desligada

fazendo uma live

sobre astrologia

devia ser uma performance

pena que minha net

não colaborava.

mas me conta

e nessa quarentena

o único jeito de te amar

seria escrevendo um poema?

 na verdade

as coisas

andavam fora de ordem

grosserias

bagagens na mão

flores e mulheres mortas

no chão

todos os dias

eles arrancavam  flores

pra dar de presente

ou pra enfeitar os caixões 

cortavam as cabeças

partiam os corações

tenho horas marcadas

para mim mesma

eu danço

não pq sei 

mas pq gosto de dançar

caminho devagar

mergulho em queda d'água

uso o corpo

como extensão da palavra

a palavra depois do pensamento

e este

depois do sentimento

livre

leve

e atento

 

o que me atrai
não trai
a minha confiança

nem distrai
o tempo
com atrasos
matutinos

inalar e ver cores
nas trocas
de carinhos
indiscretos
mesmo estando
de olhos fechados

descobrir
prosa
na pose
que você faz
quando chega

e nega
que provoca
com riso
no canto da boca

que geme
quando encosta
nas pontas
dos dedos

espelhos
espalhados
num encanto
que vira pedra

fera solta
sai à caça
de um ritual
sem sacrifícios
observo a tua mirada
rente a minha retina
e me retiro

escolhas livres de parcialidades
longe das ironias
é tudo papo reto
eu chegando perto
o batom borrado
o vinho aberto
já disse pra não ficar
assim tão próxima
inferno!
se sabendo que arde
uma chama
que atravessa a praça
sacanagem pura
como pode isso?
será loucura?
amor?
feitiço?
ainda é cedo
e eu nem dormi
tomei café
e te falo
até o indesejado
mando carta
bilhetinho
recado
deixo registrado
teu retrato
na minha minha memória falha
mas não espalha por aí
esse segredo
te roubo um beijo
tiro tua calcinha
vc me olha
como se soubesse
que o q eu sinto
é uma interrogação
repetitiva
e isso
por enquanto
não tem fim

tu sabe que atiça

com o verbo

com o verso

com a boca

sai faísca

sem dilemas

sem vergonha

descarada

me enfeitiça

o frio balançando a alma
parece fazer cócegas dentro

dança feito fada
feito feto ao nada

que levo pra casa

dentro,

mórbido segundo
entre uma letra e a carta
o mundo fora do falso 

fundo que abriga a caixa

flor aquecida em pétalas
rima em desconstrução



julho de 2017