(Insuspensível 2018)

fiz uma flor pra você antes que janeiro acabe, ou antes que acabe minha paixão...

Você não é o meu fetiche
a minha sobremesa
ou o lanche do meu piquenique
Você não é minha paixão
o meu tesão
meu viço
ou solução...
Mas tu é tentação
é lapso de memória
na minha cabeça
É poema de maio na carteira
banho nuas na cachoeira
eu sou brasa
tu é fogueira.


30 de janeiro de 2018

onde estão suas digitais
se não dentro da minha boca
enquanto chupo teus dedos
antes de você me penetrar?

arrancou toda a roupa

e combinamos de não contarmos pra ninguém

voltei tarde

e deixei a porta aberta

feito uma menina e uma árvore uma menina em frente a um leão em frente a um touro uma menina segurando um peixe ainda vivo em suas mãos pois tinha bebido toda a água...

eu não quero você pra mim
eu quero você
quero línguas
e dedos
e banho de chuva
com você
quero fumar um
antes da gente fuder
dançar
te ouvir 
e fazer
amor
de tudo
pra esquecer
sem ter jeito
querendo
e sabendo não ter

liberta-te mulher liberta


foto de Amanda T. 2017

as horas terminam
antes
o cigarro termina e 
muito me impressiona
como parar de fumar
é como parar de te amar
parece não ter jeito
mas tem
você se assemelha 
ao céu
ou algo do tipo
e parece até besteira
toda essa nicotina
que acalma
por alguns segundos
as lembranças
provocando 
rimas
 

fugir
pra onde se possa mergulhar
seja lago
poço
abismo ou
olhar.

cuidado com as correntes 
sanguíneas
elas podem te queimar
devido à alta temperatura
que persiste em rasgar
as minhas veias finas
e seguir


18 de junho de 2018

prazer em te ler 
de todos os dias te ver
pois aqui
tudo também tem você

mas se eu pudesse 
fugiria
certamente
se houvesse um lugar
seguro
eu já estaria lá

no entanto


diante de uma beleza liberta
do abraço que aperta
das palavras flechas
não há espaço
pra conter sentimentos 
aqui não
é isso, amor
te amo 
dessa vez
sem pedir perdão

me sinto engraçada
trágica
feliz como uma criança
com tendências pré capitalistas
ao abrir 
um kinder ovo

não sei se é fome 
ou desejo
sei que não passa 

cristalina ousadia
que embaça
o meu peito
nem disfarça

fica
me espera
que te quiero comparsa

vem
mesmo contrariando
vem
me abraça

que eu aperto esse beque
pra gente
fumar
e fingir
que as dores
estão todas escassas

não lembrava que você tinha
deitado aqui na minha cama
eu tava muito bêbada
e dormindo
amanhecendo
senti teu perfume
em minhas narinas
teu corpo quentinho
colado no meu
uma delícia de amor
eu sou fria
e estúpida
sou assim
e você ainda me quer
garota
você me faz ferver
e sabe como
sem razão
 

enquanto tu beijava ela
eu vi teu olho aberto
como se fosse uma janela
e s c a n c a r a d a  
mirando-me

quero continuar
subversiva
viva
eu tô cagando
pras tuas regras
sem pressa
vou andando
sem medo

aqui
quem
dita
o
ritmo
sou eu

pois dura
já é minha vida
entendeu?

 falar

nenhum poema
me faz
mudar de ideia

pro teu espetáculo
já não sou
plateia

escrevo desconcentrada olhando pra ela
repito:
tem calma
andando
 quase correndo me sinto
tão vulnerável
ela me olha
todos os dias
me molha
com suas lambidas
me molho
com suas mordidas
me empolgo com suas descidas
escorrego
nas tuas idas
me entrego
nas tuas vindas
me perco
nas despedidas
esqueço
que era mentira

é puro sentimentalismo
não tem influência hormonal
drama
passa rápido
nó na garganta se desfaz
nós nos  refazemos
inda  mais
depois de tanto vai e vem

cafona

rio que embebeda
essa terra
co o meu melhor vermelho
entre as pernas
os teus pelos
entre tua boca
e tua poesia
licença poética
não me convencia 


(insuspensível 2018)

"my sugar is hot"

por isso eu peço
que as chuvas venham logo
sobre os 
nós
das gargantas
chuvas de janeiro
eu espero o ano inteiro
só pra me molhar em tu
entra na minha boca
vem lavar meu corpo
e dança
comigo
escorre na minha trança
atiça meus mamilos
me invade
balança

tem uma porta que faz muito barulho pizzas saindo do forno sono cerveja e cheiro de sexo não tem sexo a ração dos gatos acabou vou ali no tio comprar viajo no sábado sem destinos prévios só vestida de pinceladas lilás tomo um copo de vinho do mais barato que houver ouço música triste acho engraçado tô sem internet aqui em casa tô suave ainda tem água já são 11:03 da noite casa caótica demais o cheiro dela sempre que lembro dos abraços em que meu rosto pousava em seu pescoço e meu nariz sentia de tão perto tuas notas expressivas e incomparáveis eu tinha saudades nem sempre era bom mas a gente aprende a conviver com as pessoas e situações leio mais um livro parei de fumar quer dizer pararei no próximo ano não trago mais nada tóxico no peito oxe que a deusa me livre dessa gente de má fé lembrei agorinha do leite da criança e das trinta coxinhas que ela tem que levar amanhã pra escola pareço dramática porém me encho com a lua sensibilidade e fatos e tanta coisa enquanto a porta faz barulho e eu estou leve em casa fico em silêncio ouvindo do vento as asas

protecional

 

pulou os anúncios

desejou-lhe bom dia

tirou uma carta

daquele tarô antigo

não sabia o significado

e ainda queimava

feito um amor erótico

sem grandes feitos

eu diria até

que desnecessariamente

mas com certeza vc percebeu

que meu peito mais parecia

com tambores xamânicos

agitados

fiz uma prece

pois restara um pedido

proteção

tinha esquecido

do que cabe aqui

um chocolate lésbico

sem intervir na lógica

a lua minguante

o sol em liberdade

ascendente lacrimal

disfarçado de saudade...

 

negar meu fogo, que vai de encontro com tua pele fria, seria tolice?

penso em envolver as nossas peles, névoa, me toco devagar pra não desconcentrar minha libido, percorro em delírio meu mapa corporal sem desafinar, afinal só eu que fico, depois do amor, vc vai embora, e nesse trânsito que habita minha alma me perco nos engarrafamentos dos dedos que se demoram no vai e vem sem agonia ou pressa pra gozar. 

o sabor dela
em cada centímetro da minha boca
que já é despida e quente
nada fácil
pois distante
nada fácil
pois presente

lembrar

pra onde envio todas as fotos
que ficaram presas nas minhas retinas?
e o teu sabor vermelho
de algodão doce
em alguma pracinha sem graça
que ainda habita a minha boca ?

irei dormir sem lanternas
pra ver se os raios dela
entram pela porta
com leves barulhos
tocando meu cabelo
às 5:00 da manhã
vou fazer um pedido
mas não vou te contar
quero beijos repetidos
sentir tua boca
me sentindo gozar

ei
pode entrar
tirando os copos quebrados
de ontem
o resto tá tranquilo
coloca a sandália
enquanto eu varro
isso aqui
minha empolgação exagerada ainda acaba me matando
mas pode ficar à vontade
visse?
que tu não ia andar esses mais de quatrocentosquilômetros pra querer ficar aí na porta não né
tô ligada já
reparo na tua timidez
parei mesmo de fumar
já faz um dia
bonito demais o jeito q tu fala dela
fala pouco e é bonito
tem flores aqui
já é tarde
fiz um chá no lugar do café
pra celebrar o que não tem fim
dorme abraçada comigo
não durmo
cafuné de madrugada
só nos sonhos
ou nos poemas que a gente inventa antes de dormir
boa noite